Corpolatria ou o mito do culto do
corpo
Na
idade contemporânea a gordura é um excesso indesejado. Castro (2001. p. 97)
reforça esta ideia quando diz que “há um século nos países ocidentais desenvolvidos,
os gordos eram amados; hoje, nos mesmos países, amam-se os magros”. Junto com
estas mudanças, surge o exagero e suas consequências: os transtornos. Exagero
este que aos poucos se confundiu com dedicação e tornou-se aceitável na tarefa
de moldar o corpo (ficando mais difícil saber onde termina a vaidade e começa a
compulsão).
Nesta liberdade vigiada as
medidas estão cada vez mais exageradas (para mais ou para menos), o ideal do
corpo imbatível é divulgado pela mídia e a busca por práticas teoricamente
saudáveis aumenta. É importante ressaltar que não vemos os reflexos da
corpolatria como fruto da ingenuidade ou completa desinformação, apesar de que
isso pode sim ocorrer em alguns casos. Seria contraditório afirmar que os
consumidores assimilam padrões de forma passiva, uma vez que o ser humano
percebe o mundo a seu modo. Com esta perda de identidade vêm às dietas, consumo
de bens e produtos vendidos sem alerta de riscos ou controle, exercícios
desassistidos, a própria corpolatria e etc.
Corpolatria
é uma espécie de “patologia da modernidade” caracterizada pela preocupação e
cuidado extremos com o próprio corpo não exatamente no sentido da saúde (ou
presumida falta dela, como no caso da hipocondria), mas particularmente no
sentido narcisístico de sua aparência ou embelezamento físico.
Para
o corpólatra, a própria imagem refletida no espelho se torna ideia fixa,
incapaz de satisfazer-se com ela, sempre achando que pode e deve aperfeiçoá-la.
Sendo assim, a corpolatria se manifesta como exagero no recurso às cirurgias
plásticas, gastos excessivos com roupas e tratamentos estéticos, abuso do
fisiculturismo (musculação, uso de anabolizantes, etc.).
A corpolatria faz suas vítimas Corpolatria e mídia
Não raro os padrões de beleza – ou a falta destes – inquietam milhões de pessoas. Muitos homens e mulheres têm a pretensão de se enquadrarem ao que é esteticamente aceito e, focados nisto, acabam por escravizar seus hábitos mais simples em busca da perfeição. Comer menos, beber menos, dormir menos, viver menos; tudo em prol da pseudo-beleza.
Mas não paramos por aí. Modificar determinados hábitos parece não saciar a histeria estética. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam crescente aumento nos casos de bulimia e anorexia – sendo que 20% dos incidentes terminam em morte. Provocar o próprio vômito para evitar a nutrição, no caso do bulímico, ou manter-se numa fome contínua, no caso do anoréxico, não são mais problemas quando o objetivo é estar dentro do estereótipo do sublime.
Libânio
(2000) comenta:
“Modelado
pela erotização do mercado, o corpo adquire valor proporcional à sua adequação
aos critérios de beleza estimuladores do consumo. Num país de famintos e corpos
esquálidos, a glamourização das formas induz um punhado de homens e mulheres a
se submeterem a regimes e tratamentos cruéis. Despendem tempo e fortuna com os
requintes da vaidade física, como a aranha tece sua própria teia narcísica, da
qual se torna prisioneira. Não há academias especializadas em malhação do
espírito, e ainda não se inventou a transfusão de conhecimentos e valores de
uma pessoa a outra ou do computador à mente, de modo a fazer coincidir a
estética da aparência com a beleza da essência.”
Sandra Araujo /2012
http://www.psicologiananet.com.br
http://pt.wikipedia.org/wiki/Corpolatria
2/Ubiracy de Souza Braga
denismatos.blogspot.com/2008/11
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